terça-feira, 28 de outubro de 2008

Metallica - St. Anger (2003)

Vamos falar do Metallica agora! Grande banda, e mesmo com seus álbuns mais "arriscados" eles ainda conseguem fazer algo muito legal. O problema visível (no caso, audível para falar a verdade) é que o Metallica, a partir do Load, começou a soar como um Stoner Rock Light, e não pop como muitos alegam (excluindo Mama Said e Hero of the Day). Reload continuou na mesma linha. Aposto minha cabeça que falariam muito bem desses álbuns se fosse uma banda estreante que os lançasse. Falariam "nossa! que banda sólida de rock´n´roll!" entre outros adjetivos.

Mas vamos falar da verdadeira Black Sheep do Metallica que é o St. Anger! Um álbum sem solos, com afinação mais baixa e uma das piores produções de todos os tempos. E ainda assim consegue ser uma "pedrada" na orelha!


Todo mundo odeia, público, crítica, até o seu cachorro, mas o álbum é muito interessante se analisarmos friamente e esquecermos o Metallica "das antigas" momentaneamente! Vamos lá:

01. Frantic

Uma música estranha, porém, muito interessante. Pela primeira vez o Metallica grava um disco numa afinação diferente, Drop-C (em Dó), mais grave, atual. Soa como um estranho cruzamento entre Queens of the Stone Age e Corrosion of Conformity, devido à afinação e à timbragem estranha. Frantic é um espetáculo bizarro em que o Metallica soa como Queens + Corrosion of Conformity com riffs dignos do Helmet e a voz é o James de sempre. É Metallica, mas com uma roupagem esquisita e interessante, ah, e sem solos. O final rápido e frenético é Black Sabbath puro.Nada a ver com Nu-Metal...

02. St. Anger

Digam o que quiserem, se tirarmos a afinação e as timbragens modernas, meio toscas, e a bateria de lata, e o fato de que não há solos. A faixa título St. Anger soa como Metallica antigo, autêntico, in-your-face, mais ainda do que os tracks do Death Magnetic. É uma faixa esquisita, que alterna momentos leves com batidas em bumbos duplos e um baixo ultra grave e pulsante. A única parte que chega a lembrar Nu-Metal são os gritos de "Push it out" entre as estrofes. De resto é Metallica puro. O que torna a faixa mais estranha para mim é o tamanho, mais de 7 minutos, e não é uma Orion, com várias partes diferentes, isso é um tanto cansativo, mas trata-se de uma boa faixa.

03. Some Kind of Monster

Misture Biohazard com Corrosion of Conformity, instrumentalmente, e surge esta faixa malandra chamada Some Kind of Monster. De repente aparecem pequenas frases soladas que lembram muito o mestre Iommi. Como nunca deixarei de defender, o Sabbath sempre marca presença aqui. A afinação baixa, tosca, sludge, suja, tudo lembra Sabbath em termos de timbragem, com a diferença de não termos solos e de que as batidas soam como latinha de cerveja. O que mais me chama a atenção é que o ritmo é marcado, meio pula-pula, mas a timbragem e o ritmo não são o que típicamente seria usado para esse tipo de som, fazendo uma mistura esquisitona e muito interessante. Destaque para os vocais desafinados de James, propositalmente, que soam muito legais dentro da faixa.

04. Dirty Window

Música estranhíssima. Desta vez misture punk e hc, em puro estado, com vocais pronunciados de forma meio country. E ao final dos refrões uma seqüência de breques estilo Pantera. A equação aqui é Misfits + Vocais Country + Pantera. Uma das faixas mais estranhas já escritas pelo Metallica. E muito interessante, por isso mesmo. É como se um bando de rednecks subisse num touro e resolvesse tocar em cima.

05. Invisible Kid

Black Sabbath resolveu tomar uma cerveja com o Korn e o Corrosion of Conformity, e chamaram o James Hetfield para cantar. Invisible Kid é a única faixa da história do Metallica escrita em guitarras barítono. Para quem não sabe uma guitarra barítono é uma guitarra tradicionalmente com afinação muito mais grave que a normal. Uma guitarra comum é afinada em E (Mi), uma barítono é afinada
em B (Si). Mas aqui o James baixou um pouco mais o tom e deixou em Ab (Lá Bemol, quase Sol, meio tom abaixo do Korn, que já é bem grave). E quer saber, ficou legal pra cacete! Soa como Toni Iommi experimentando com afinações esquisitas com o James Hetfield cantando em cima. A única reclamação é que a faixa é grande demais e não apresenta variações suficientes.

06. My World

Corrosion of Conformity puro, da timbragem, aos riffs, ao vocal, tudo. Só faltaram os solos. James canta muito parecido com o Pepper Keenan do Corrosion nessa faixa. Adicione uma pitada de riffs mais "quebradinhos" e dá nela. Não é muito original mas é bem legal!

07. Shoot Me Again

Esta faixa é interessante. É um cruzamento bizarro de Helmet (ritmo) com Alice in Chains (forma de cantar os versos, com vozes dobradas). Também tem um pouco daquele background meio country, meio perseguição no faroeste. James entoa "Shoot me Again I ain´t dead yet" no melhor estilo Henry Rollins (Black Flag, Rollins Band), de forma meio falada, desafiando quem quer que seja. Ao refrão, a parte vocal dobrada volta em cena "all the shots I taaaaake, I spit back at yoooouu". A faixa desembesta para um hardcore atrapalhado ao final, meio banda de garagem, e isso que é interessante.

08. Sweet Amber

Parece Corrosion mais uma vez, misturando com System of a Down, estrutura de rock´n´roll, meio despreocupado. Os riffs são diretos, não é uma das mais esquisitas, e tem aquele vocal clássico do James. Mas há partes em que o ritmo desacelera e soa como um cruzamento com o Pantera, com um ligeiro "breakdown" no ritmo, que logo volta à mesma estrutura rock´n´roll cervejeiro motoqueiro de sempre. Não é um dos destaques, mas é uma boa faixa.

09. The Unnamed Feeling

Sem dúvida a faixa mais próxima do Nu-Metal do disco. Afinação baixíssima, desta vez em Bb (Si bemol, a mesma utilizada no álbum Roots do Sepultura e muitos outros modernetes). O ritmo é mais cadenciado, e com os vocais ao fundo "been here before" sussurrados. Lembra System of a Down na estrutura e na forma de cantar, especialmente o refrão. E a parte "it comes alive, and I die a little more" quase falada no meio dos riffs batidos, chega a lembrar Korn, pois é meio claustrofóbica, com aquele ritmo martelado, repetido, mas soa bem interessante. O vocal é Metallica puro, em toda a faixa, lembrando da era Load / Reload, mas com toques de SOAD por toda a faixa, e um tanto de Korn. Quase ao final há uma parte em que acontece o clímax da música. James começa a murmurar, lembra muito Korn essa parte, por causa da forma de cantar, meio chorada, sofrida. A música acaba com um riff diferente, que lembra Deftones. É o mais próximo de uma "balada" no álbum e mesmo assim ESPANCA!

10. Purify

O riff do início desta música lembra Limp Bizkit, e até as partes quebradas, com bateria "tum tum; tum tum; tum tum; tum tum". Aqui até a linha de vocal é mais para Nu-Metal. Soa como um cruzamento bizarro de Limp Bizkit com Metallica e System of a Down, na parte do refrão. Faixa sem muitas variações, agradável, mas não inova muito.

11. All Within My Hands

Faixa interessantíssima. Começa com um riff e batidas "pancadeiras" e logo joga guitarra para segundo plano, sem perder o ritmo, e mantém a ênfase nos vocais de James, leves até, culminando em um coro que sobe de forma leve "ohhhhhhh" e chega no refrão que explode "All within my hands bewaaaaareeeeahhhh". A batida no refrão continua "tu-pa-tu-pa-tu-pa-tu-pa-tu-pa-tu-pa" e leva a uma seção com riffs quebrados remanescentes do Pantera, alternando com os riffs normais da música. Realmente, esta faixa é o Metallica antigo, guardado dentro deles, brincando com climas, alternando ritmos, e emprestando muito das estruturas musicais do Pantera. Genial, faixa fantástica, fecha o álbum com chave de ouro.

Veredicto? Sim, se vocês concordam ou não eu não tenho culpa nenhuma, mas eu prefiro o St. Anger do que o Death Magnetic, é sério. O Death Magnetic é mais próximo do Metallica original, tem solos, e muitas outras características boas, Trujillo tocando o baixo, etc. Se eu quiser o Metallica original eu ouço o grandioso Master of Puppets, ou o Ride the Lightning. St. Anger é um álbum legal pra cacete e pouco apreciado. Tentaram várias coisas novas, ritmos, afinações, influências, é um álbum experimental e interessante, e apanhou muito por causa disso. Os solos até que fazem falta sim, mas só mesmo AC/DC e Ramones para lançarem o mesmo álbum sempre e serem legais. Para o Metallica a mudança foi interessante, pelo menos naquele período. Para mim St. Anger é melhor até mesmo do que o Black Album! Pronto! Falei! Sorte dos que gostam...

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Kiss - Music from the Elder (1981)

Todo mundo conhece o Kiss pelas máscaras, pela língua do Gene Simmons, nos dois sentidos, a língua que cospe sangue e a língua que fala besteiras por toda a imprensa! Realmente, sua principal função hoje em dia é falar, falar, fazer reality show, falar, falar mais um pouco, ganhar dinheiro em cima de merchandising (como sempre) etc. Bem, voltando ao Kiss!

Todos conhecem a banda pela língua e visual demoníaco de Gene Simmons, o visual glam de Paul Stanley as prezepadas, solos e pirotecnias de Ace Frehley e as batidas básicas e carisma de Peter Criss. Claro, tem outras formações também, mas como estou falando da formação clássica, e de um álbum que é quase da formação clássica não vou ficar explicando aqui quem são Mark St. John, Bruce Kulick, Tommy Thayer, Eric Singer, Vinnie Vincent, entre outros substitutos.

Embora a formação com Bruce e Eric para mim seja fantástica e tenha rendido dois belos álbums: Carnival of Souls e Revenge. Mas isso é outra história. É fato que o Carnival of Souls também terá um review aqui pois é, junto com o The elder, o segundo aálbum mais injustiçlado da história do Kiss. Tudo bem, o Kiss virou mesmo uma palhaçada hoje em dia, tá mais pra circo com Tommy Thayer imitando Ace e Eric imitando Peter Criss.

Enfim, vamos ao que interessa. Se o Kiss é espetáculo, teatral entre outros adjetivos, porque não ser épico também? Foi exatamente o que a banda quis fazer. Considerada, de certa forma, tosca por muitos, a banda quis se refinar e resolveu fazer um álbum conceitual! COnsiderado por muitos o maior tiro no pé da banda (embora qualquer outro cd deles dos anos 1980 seja pior, mas tudo bem). Neste disco a formação era: Paul Stanley, Gene Simmons, Ace Frehley (em termos, já estava chutado da banda praticamente) e Eric Carr (excelente baterista que morreu de câncer em 91, que Deus o tenha).




Com reviews de duas estrelas pela Allmusic e Rolling Stone e a incrível marca de 0 pelo site indiezinho-descolado-porco-venerado-por-muitos Pitchfork eu considero o The Elder um dos melhores álbums do Kiss. E é dele que farei uma review inspirada agora! Faixa-a-faixa:


1. The Oath


Não sei que raios que vêem de diferente aqui em uma faixa do Kiss. A energia é a mesma, o refrão com falsetes é ligeiramente mais épico do que as coisas que Paul Stanley canta. É um tanto diferente, mas é Kiss puro.


2. Fanfare


Faixa instrumental, dá o tom do disco, e abre com uma melodia que será reprisada em algumas faixas. É a melodia do refrão de "Just a Boy" e de um solo em "Only You". Orquestrada, interessante, teatral. Nunca encontrada antes em um disco do Kiss. A coisa mais épica que havia num disco da banda era a música Great Expectations do magnífico Destroyer, de 1978. Bela faixa.

3. Just a Boy


Aqui começa a ficar estranho, e é isso mesmo que eu gosto. Paul Stanley canta como se fosse mesmo "somente um garoto" e sobre sua missão, é como se fosse sua crise de identidade. Musicalmente é algo inexplicável, é como se o Kiss realmente estivesse fazendo um musical, inclusive com melodias de guitarras dobradas e violões em um estilo folk/épico. Fantástica!


4. Dark Light


Ace, o próprio, que quebrou o disco assim que o ouviu, e mal participou, mas registrou seus vocais bêbados-porém-muito-cool nesta faixa, que conta com riffs quebrados e suingados. Soa como se o Kiss tivesse um riff funk ao fundo e vocais recitados de Ace, algo meio Bob Dylan do espaço! Faixa legal, com muita energia.


5. Only You

Música fantástica com linha de baixo acompanhando os vocais de Gene Simmons e baterias pronunciadas de Eric Carr, além de partes com sintetizadores vocais em uma pont e mudanças de ritmo repentinas. Música estranhíssima porém muito agradável.


6. Under The Rose


Aqui Gene dá o tom novamente, com vocais incrivelmente suaves. A música vai crescendo, com baterias em tom de fanfarra de guerra medieval e vocais igualmente épicos no refrão. Esta é a música que mais me impressionou do Kiss ao ouvi-la pela primeira vez. Realmente impressionante e injustamente criticada. Muito melhor do que QUALQUER OUTRA BALADA DA FASE 80! Incluindo Forever. FALEI!


7. A World Without Heroes


Quem gosta do Kiss e não gosta dessa música é suspeito. Até no acústico ela entrou, ignoraram até o fato de que eles mesmos odeiam o álbum e a colocaram, em uma versão acústica impressionante. Único clipe do álbum, que por sinal nem tour promocional teve, somente algumas aparições na TV européia, a música fala do Pai do Gene. E tudo com direito a uma letra emocionante e lágrima do Gene, maquiado com cara de mau, no final do vídeo! LINDO ISSO!


8. Mr. Blackwell


Essa música assusta porque começa do nada. Literalmente, é a música mais estranha do Kiss, nem sei dizer com o que ela é parecida. É super progressiva e tem uma linha de baixo pronunciada, reta, mas que soa muito bem.


9. Escape From The Island


Instrumental animada, com direito a sinene e tudo (simbolizando a fuga da ilha, como o nome diz) nada de muito diferente, seria legal se tocada no começo de shows.


10. Odyssey


Sem dúvida a faixa mais linda de todo o disco. Até eu, fã do disco, quando ouvi pela primeira vez odiei. Pensei "Putz, Paul Stanley querendo ser Frank Sinatra ou algo do tipo". Pois é, exatamente isso, é Paul Stanley e cia. se levando a sério. Dá até arrepio quando o Paul entoa "From the far of Galaxy... I hear you calling me...". Se fosse qualquer outra banda tocando muitos venerariam a faixa. Hoje em dia é minha preferida do álbum, tem passagens lindas, um solo memorável, enfim, uma das melhores faixas da história do Kiss, não só do disco. Excelente!


11. I


Kiss, banda notória por ser anti-drogas, principalmente pela parte de Paul e Gene, judeus bem comportados, que sempre foram contra isso tudo. Sabe-se que Ace e Peter são chegados num "Mé" (bebida), e sobre Eric Carr eu não sei dizer qual era sua postura em relação às drogas. Pois essa música além de muito legal é praticamente um hino anti-drogas. "I Believe in me!" entoam Gene e Paul, dizendo, "Eu acredito em mim!" ressaltando que as pessoas não precisam de drogas para terem uma vida boa, para acreditarem nelas mesmas. Impressionante final para o disco, já que o mesmo fala de um herói, e os verdadeiros heróis não precisam de substâncias para sê-los. Eu acredito em mim, assim como eles dizem, e concordo com a mensagem. Faixa excelente!

Aqui termina minha review do Music From the Elder, álbum para qual eu dou nota 10. É, isso mesmo, para mim é 10. Melhor do que Crazy Nights, Psycho Circus Garcia, Hot in the Shade e muitos outros. Voltarei com mais reviews o mais breve possível!

Stay tuned for more happy days!

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Análise: Bruce Dickinson - Skunkworks (1996)


1. Space Race

Um riff estilo Soundgarden, com um timbre de guitarra parecido, inicia a música. Uma levada cadenciada, leve, interessante. Ainda é o Bruce que conhecemos, mas diferente, com uma nova roupagem, sem o baixo galopante e as guitarras com terça que conhecemos bem do Iron Maiden.

Não se trata de uma música pesada, mas é um belo início para o álbum.

2. Back From The Edge

Aqui o guitarrista Alex Dickson (e não Dick-IN-son) - (não, eles não são parentes), mostra a que veio. O guitarrista tem um timbre muito característico, leve, e ao mesmo tempo com "punch", é como se ele mordesse e assoprasse ao mesmo tempo.

As guitarras são viajadas, a música tem uma batida energética e uma das melhores linhas vocais , variando do grave ao agúdo. É interessante perceber que a batida não muda muito, e mesmo isso não torna a música cansativa. É um verdadeiro clássico injustiçado.

3. Inertia

Riff inigualável ao início, com uma guitarra aguda dedilhada sem efeitos, e de repente, a música estoura em um dos gritos característicos do Bruce Dickinson: "Ineeeeertiaaaaa". Essa música é mais Heavy Metal do que muito material do Bruce com o Iron Maiden feito nos anos 90. Clássico absoluto. A combinação sangue novo + experiência funciona muito bem!

4. Faith

Essa música tem um riff que remete ao Rush, aliás, a própria melodia dos vocais (refrão, versos) também mostram isso. Não sei dizer se há influência direta, mas a guitarra suingada, distorcida na medida certa, a melodia de vocal segura, com registros médios, fazem lembrar a banda de rock progressivo. Faixa interessantíssima.

5. Solar Confinement

Esta faixa poderia estar no álbum Superunknown, de 1994, do Soundgarden. É óbvio que Bruce andou ouvindo o trabalho dos caras, o que não é nada ruim, pois Chris Cornell (que divide com Bruce o hall dos melhores vocalistas de rock/metal de todos os tempos) é uma bela referência.

É uma faixa de rock, simplesmente, sem frescuras, sem partes complicadas, direta, energética do início ao fim. Fantástica!

6. Dreamstate

Outra faixa que não nega a influência das bandas de Seattle. Alterna guitarras limpas com um refrão pesado, e Bruce até ensaia uns gritos no meio, mas ela continua climática. Imagine algo como "Black Hole Sun" do Soundgarden misturada com algo do Nirvana, e o Bruce Dickinson cantado. Uma das faixas mais estranhas, com certeza, mas não menos bela.

7. I Will Not Accept The Truth

O Soundgarden marca presença mais uma vez como influência suprema, no instrumental da guitarra, na linha de baixo, e até mesmo a linha de vocal do Bruce Dickinson no início da música.

Mas o interessante vem em seguida, Bruce solta seu vocal tradicional no meio da música, fazendo uma espécie de manifesto antro-pófago da música, ou seja, pega influências emprestadas e faz disso algo novo. Perfeito!

8. Inside The Machine

Música única, suingada como Living Colour, viajada como Rush, tocada com precisão, é um cruzamento bizarro de influências musicais com a cara do Bruce Dickinso. Se a parte do refrão fosse galopada e tocada a todo vapor, com frases de guitarra e baixo marcado, poderia ser um som do Iron Maiden. Uma das melhores faixas do álbum, talvez até da carreira do vocalista.

9. Headswitch

Stoner Rock! Pois é, Bruce Dickinson fazendo um som que poderia ser tocado pelo Black Label Society (formado alguns anos depois pelo Zakk Wylde, notório bebum e guitarrista do Ozzy). É um típiro rock simples, do deserto, sem frescuras. Típico som que agrada a gregos e troianos (leia-se fãs de Rock Moderno e Rock Clássico)

10. Meltdown

O Iron Maiden dá as caras, essa música parece, salvo algumas características (a ausência do baixão mandão do Steve Harris), um som que poderia ter sido gravado pelo Iron Maiden em suas fases mais introspectivas (década de 2000). Parece que ele já estava prevendo o lado progressivo que daria a banda quando voltasse, ao fim da década de 90. Lindíssima faixa.

11. Octavia

Rock´n´Roll antigo, nos moldes do Black Sabbath, com roupagem mais moderna, e uma guitarra com efeito "octave" (um efeito que dobra as frequências da guitarra, notóriamente usado por Toni Iommi, guitarrista do Sabbath). Perfeita para aqueles babacas que gostam de rock tradicional e não botam fé no disco!

12. Innerspace

Esta faixa lembra um pouco o trabalho anterior do Bruce, o Balls to Picasso, ela tem a energia comum de suas músicas, guitarras pesadas na medida certa, e não ousa muito, mas também não chega a lembrar Iron Maiden. É um bom hard rock, ótimo para ser cantado em arenas.

13. Strange Death In Paradise

O fechamento começa com um riff viajadíssimo. Cruze o Black Sabbath com o vocal do Bruce Dickinson, praticamente dá essa música, que tem uma influência fortíssima do Toni Iommi em seu riff de guitarra, simples e melódico.

A medida que o tempo passa, a levada fica mais estranha. Trata-se de uma música arrastada, densa, mas, ao mesmo tempo, pacífica. Ideal para quem gosta de rock progressivo, Black Sabbath, Hard Rock, sons dos anos 70 em geral. Belíssimo fechamento para o álbum!
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Conclusão:

Um belíssimo álbum de hard rock moderno feito pelo mestre Bruce Dickinson. É hard (pesado), é rock, porque será que os babacas falam mal? É algo a se pensar mesmo. Clássico absoluto, para mim, está junto com Chemical Wedding no hall dos melhores álbuns da história deste vocalista.

Análise: Bruce Dickinson (Iron Maiden, ex-Samson, esgrimista, piloto de avião, locutor de rádio, etc)


Hoje analisarei um artista único, e sua obra mais injustiçada.

Ele é uma espécie de Leonardo da Vinci dos últimos tempos. Um dos melhores vocalistas do mundo, esgrimista e piloto profissional! Sim, é ele, Bruce Dickinson.

Ex- Samson, e atualmente, de volta ao Iron Maiden, para quem não viveu no planeta terra na última metade do século 20, uma das maiores bandas britânicas de metal do mundo! Seu álbum análisado é Skunkworks, obra de 1996.

O terceiro álbum de Bruce traz uma sonoridade diferente, atual (para a época) ousada, mais rocker, menos teatral, diferente do som do Iron Maiden (bom, é album solo do Bruce, não é mesmo? Para que parecer Iron Maiden?).

Muitos fanáticos por certas bandas acham que os álbuns solos, ou projetos paralelos, de seus integrantes devem soar exatamente igual às bandas-matrizes. Para quê? Não há razão de ser, se for para ser igual!

O disco anterior, Balls to Picasso (o segundo do Bruce), de 1994, tinha mais elementos "metaleiros" e contava com a banda Tribe of Gypsies, do genial guitarrista Roy-Z (que mais tarde colaboraria com Bruce novamente, com Halford e meio-mundo de artistas do gênero). A idéia de Bruce, na verdade, era fazer uma banda nova.

O Tribe of Gypsies saiu em turnê (já era uma banda existante antes de tocar com Bruce) e ele juntou sangue novo para fazer um cd. Fora do Maiden desde 1993 (banda à qual regressaria ao final de 1999) ele criou a banda Skunkworks, com integrantes de uma jovem banda de rock chamada Gun. Pois é, era mesmo para ser diferente, é uma banda-conceito.

Mas a gravadora mandou ele colocar "Bruce Dickinson" e o álbum se chamar Skunkworks. Mas carinhosamente, sabemos que esse é um disco do Skunkworks, é uma obra do Bruce, mas é diferente de seus outros álbuns, e essa é a beleza especial deste.

Mas a ignorância de certos metaleirinhos é tão grande que já vi posts na internet de pessoas dizendo que "fugiram deste aqui por saber de sua fama ruim".

O conceito "não ouvi, não gostei" pode se aplicar para certas coisas, mas se você é fã do artista não é algo que deve acontecer, deve-se dar uma chance, não é mesmo? Azar deles! :D

Leia em seguida, a análise do álbum!!

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Análise: Two - Voyeurs (1997) - (projeto solo do Rob Halford)

Análise:

1. I am a Pig

Logo no primeiro track, me pergunto, porque será que as pessoas criticam tanto o CD? I am a pig tem um riff muito legal, que fica na cabeça, lembrando até mesmo coisas do Fight, mas com roupagem eletrônica.

Acredito que se não houvesse timbres eletrônicos, mas a faixa fosse igual, e fosse um CD do Fight, talvez não tivessem criticado tanto.

Bela abertura! E ainda tem solo, não virtuoso como os dos guitarristas do Judas, mas adiciona um colorido à música. A voz já mostra que não é super aguda e agressiva, é um lado mais "cool" do Rei do Metal.

2. Stutter Kiss

Misture um clima Nine Inch Nails, na bateria, com o tremolo de How Soon is Now do Smiths e uma distorção que lembra White Zombie (o próprio riff de guitarra lembra). É mais ou menos essa música, e o vocal é super calmo, lembrando coisas grunge.

Criativo ou não? A guitarra faz presença aqui, como sempre, um riff simples, sossegado, cadenciado, mas pesado. O refrão também gruda facilmente na cabeça.

Ótima música! Ironicamente, nove anos depois, a banda Shinedown (que é meio pós-grunge) tem um riff praticamente igual na música "Heroes" (de 2006).

3. Water´s Leaking

E não é que o mestre andou escutando Alice in Chains? É o que parece... aliás, ela chega a lembrar um cruzamento bizarro do Alice in Chains com o Jane´s Addiction (instrumental de um, vocal de outro) e tem um quê de White Zombie, e uns "scratchs" com guitarra, mais ou menos Tom Morello.

Ponto pro Halford!

4. My Ceiling´s Low

Uma faixa mais "pensativa’, com levada eletrônica, chega a lembrar Killing Joke, mas ainda parece que a maior influência do Rob Halford é o próprio Nine Inch Nails e o White Zombie".

A música é super acessível, daria até para tocar no rádio, contando com um riff pesadinho, remanescente do grunge.

5. Leave me Alone

Essa aqui parece Static-X! E a banda nem existia ainda... é Halford não inventou só o Heavy Metal pelo jeito. Ele tem talento para a coisa! Poxa, que pena que não houve um 2wo número 2 (trocadilho tosco), mas realmente, aqui ele faz um som que poderia ser feito de 2003 em diante.

É como se o som fosse Rob Zombie, mas cantado a falta de vontade do Kurt Cobain (!) e o resultado é ótimo, despretensioso, debochado.

6. If

Faixa bizarra, batidas Marylinmansonescas, susurros, um vocal não muito inspirado, e praticamente sem guitarras. Não empolga muito, é a mais fraca do disco.

7. Deep in the Ground

Faixa interessantíssima, o disco recupera o fôlego. Como descrever essa faixa? Ela soa rock´n´roll antigo, dos anos 60, 70, meio The Who, mas ao mesmo tempo com um quê de Stone Temple Pilots, e roupagem eletrônica!

Faixa interessante, e chiclete também!

8. Hey, Sha La La

Faixa estranha, com linha de baixo esperta, meio "groovy", um industrial leve, interessante. Soa como se o Scott Weiland na época dos Stone Temple Pilots cantasse sobre uma base do Nine Inch Nails, e com um refrãozinho com puta potencial pop. A mais viciante do disco.

9. Wake Up

Essa faixa tem um refrão meio infantil, parece uma música que alguma criança cantaria alegremente, legal pra cacete! Eletrônica, com baixo carregado, um riff de guitarra ensolarado, não sei descrever, mas é ótima!

Acho que é o primeiro som industrial alegrinho que já ouvi na vida (já que o estilo normalmente é sombrio) ótima faixa!

10. Gimp

Baixo acentuado, guitarra com barulhinhos atrás, chega a lembrar coisas que o Korn faz atualmente. Um riff bem marcado, e o vocal lembram coisas do segundo disco do Fight (A Small Deadly Space) misturadas com coisas velhas do M. Manson (que eram ótimas na época) e um refrão bem assobiável. Muito boa!

11. Bed of Rust

Música bem esquizofrênica, meio sussurrada, esquisita, mas tem um clima legal para fechar o álbum. Logo em seguida entra um vocal mais normal, não há muitas variações, ao final da faixa, nas ultimas estrofes, uma guitarra entra para acompanhar a música, e o final tem somente uma bateria eletrônica. Estranhíssima música, mas fecha o álbum de forma muito concisa. _________________________________________________

Conclusão:

Criativo, diversificado, ousado, diferente. Muito melhor do que os álbuns do Priest com o Ripper Owens (ótimo vocalista, para o Iced Earth, não para o Judas, onde não passou de um imitador barato)

Muitos fãs são cabeças duras e não reconhecem o trabalho por ignorar a ousadia contida no trabalho. Adoro metal clássico, mas acho que o novo pode conviver com o velho numa boa!

Outro ponto interessante: agora, em 2007, o álbum ainda soa atual, 10 anos depois de seu lançamento, e melhor do que muita porcaria genérica feita hoje em dia.

Análise: Rob Halford (ex-Fight, Judas Priest, Artista Solo)

Começarei as atividades do blog efetivamente com um disco que não é de uma banda específica. Por exemplo, como expliquei na sinopse do blog, analisarei várias bandas e seus peixinhos fora d´água, seus patinhos feios, etc.

Mas nesse caso, analiso um trabalho solo de um grande vocalista de Heavy Metal, aclamado por sua integridade, por seu comprometimento com a música e sua grande personalidade. Além do mais, um homem de coragem, homossexual assumido, e super respeitado pelos fãs do estilo.

O nome do cara é Rob Halford, sim, o vocalista do Judas Priest. Rob, ao todo, teve quatro projetos notórios (bom, nem todos notórios):

- Judas Priest (a lenda da New Wave of British Heavy Metal, dispensa apresentações)

- Fight (banda muito boa do meio dos anos 90, mais pesada que o Judas Prieste, e que não teve o reconhecimento necessário, mas é considerada clássica hoje em dia)

- Halford (seu puro projeto solo, iniciado no final dos anos 90)

E o Two, ou 2wo, sobre o qual estou falando. O projeto foi sua nova banda, após o fim do Fight, no meio da década de 90, e mostra um lado diferente de Halford...

O homem estava cansado de ser associado somente com o Heavy Metal, e enveredou pelo caminho do Industrial, com a ajuda do Papa do Industrial: Trent Reznor (ou, Nine Inch Nails, simplesmente).

Os "manos tr00" do metal logo vieram criticar, dizendo que Halford tinha se vendido, que traiu o metal, etc. Mas muitas das pessoas que falaram mal não ouviram seu disco, somente reverberaram críticas especializadas que já falavam mal.
O que aconteceu foi meio que um efeito cascata: a revista fala mal, logo, o fã cabeça-dura despreza, esplha para outros fãs que o álbum não é bom, etc.

A análise será feita no próximo post! Até lá!!

O início desta empreitada...

Olá, meu nome é Lucas dos Reis, sou jornalista, tenho 24 anos, e escrevo sobre música por diversão. A idéia deste blog surgiu um dia desses, quando eu, aficcionado por rock, metal e suas várias vertentes, percebi que gostava de muitos álbuns considerados injustiçados.

Portanto, a idéia do blog é justamente essa, falar desses álbuns, de diversas bandas e estilos dentro do espectro rock/heavy metal, e defendê-los. Afinal, muitas vezes, eu gosto mais dos álbuns considerados injustiçados, ruins, abaixo da média, do que dos considerados melhores por público e crítica especializada.

Semanas atrás eu ouvia o Music from the Elder do Kiss, com uma puta empolgação, muito maior do que quando eu ouço clássicos como Hotter Than Hell e Dressed to Kill. Ou até mesmo, esta semana, ouvindo Bruce Dickinson, percebi o quanto adoro o Skunkworks, considerado o peixe fora d´água de seu catálogo.

Adoro o Chemical Wedding, considerado o grande clássico, da mesma forma. Mas parece que quanto mais diferente, ousado, mais eu gosto. Portanto, resolvi fazer um blog para externar essas análises e mostrar ao mundo que algumas coisas escorraçadas pela crítica podem valer a pena sim!!

Portanto, vamos começar essa viagem pelo melhor do pior!