quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Análise: Bruce Dickinson - Skunkworks (1996)


1. Space Race

Um riff estilo Soundgarden, com um timbre de guitarra parecido, inicia a música. Uma levada cadenciada, leve, interessante. Ainda é o Bruce que conhecemos, mas diferente, com uma nova roupagem, sem o baixo galopante e as guitarras com terça que conhecemos bem do Iron Maiden.

Não se trata de uma música pesada, mas é um belo início para o álbum.

2. Back From The Edge

Aqui o guitarrista Alex Dickson (e não Dick-IN-son) - (não, eles não são parentes), mostra a que veio. O guitarrista tem um timbre muito característico, leve, e ao mesmo tempo com "punch", é como se ele mordesse e assoprasse ao mesmo tempo.

As guitarras são viajadas, a música tem uma batida energética e uma das melhores linhas vocais , variando do grave ao agúdo. É interessante perceber que a batida não muda muito, e mesmo isso não torna a música cansativa. É um verdadeiro clássico injustiçado.

3. Inertia

Riff inigualável ao início, com uma guitarra aguda dedilhada sem efeitos, e de repente, a música estoura em um dos gritos característicos do Bruce Dickinson: "Ineeeeertiaaaaa". Essa música é mais Heavy Metal do que muito material do Bruce com o Iron Maiden feito nos anos 90. Clássico absoluto. A combinação sangue novo + experiência funciona muito bem!

4. Faith

Essa música tem um riff que remete ao Rush, aliás, a própria melodia dos vocais (refrão, versos) também mostram isso. Não sei dizer se há influência direta, mas a guitarra suingada, distorcida na medida certa, a melodia de vocal segura, com registros médios, fazem lembrar a banda de rock progressivo. Faixa interessantíssima.

5. Solar Confinement

Esta faixa poderia estar no álbum Superunknown, de 1994, do Soundgarden. É óbvio que Bruce andou ouvindo o trabalho dos caras, o que não é nada ruim, pois Chris Cornell (que divide com Bruce o hall dos melhores vocalistas de rock/metal de todos os tempos) é uma bela referência.

É uma faixa de rock, simplesmente, sem frescuras, sem partes complicadas, direta, energética do início ao fim. Fantástica!

6. Dreamstate

Outra faixa que não nega a influência das bandas de Seattle. Alterna guitarras limpas com um refrão pesado, e Bruce até ensaia uns gritos no meio, mas ela continua climática. Imagine algo como "Black Hole Sun" do Soundgarden misturada com algo do Nirvana, e o Bruce Dickinson cantado. Uma das faixas mais estranhas, com certeza, mas não menos bela.

7. I Will Not Accept The Truth

O Soundgarden marca presença mais uma vez como influência suprema, no instrumental da guitarra, na linha de baixo, e até mesmo a linha de vocal do Bruce Dickinson no início da música.

Mas o interessante vem em seguida, Bruce solta seu vocal tradicional no meio da música, fazendo uma espécie de manifesto antro-pófago da música, ou seja, pega influências emprestadas e faz disso algo novo. Perfeito!

8. Inside The Machine

Música única, suingada como Living Colour, viajada como Rush, tocada com precisão, é um cruzamento bizarro de influências musicais com a cara do Bruce Dickinso. Se a parte do refrão fosse galopada e tocada a todo vapor, com frases de guitarra e baixo marcado, poderia ser um som do Iron Maiden. Uma das melhores faixas do álbum, talvez até da carreira do vocalista.

9. Headswitch

Stoner Rock! Pois é, Bruce Dickinson fazendo um som que poderia ser tocado pelo Black Label Society (formado alguns anos depois pelo Zakk Wylde, notório bebum e guitarrista do Ozzy). É um típiro rock simples, do deserto, sem frescuras. Típico som que agrada a gregos e troianos (leia-se fãs de Rock Moderno e Rock Clássico)

10. Meltdown

O Iron Maiden dá as caras, essa música parece, salvo algumas características (a ausência do baixão mandão do Steve Harris), um som que poderia ter sido gravado pelo Iron Maiden em suas fases mais introspectivas (década de 2000). Parece que ele já estava prevendo o lado progressivo que daria a banda quando voltasse, ao fim da década de 90. Lindíssima faixa.

11. Octavia

Rock´n´Roll antigo, nos moldes do Black Sabbath, com roupagem mais moderna, e uma guitarra com efeito "octave" (um efeito que dobra as frequências da guitarra, notóriamente usado por Toni Iommi, guitarrista do Sabbath). Perfeita para aqueles babacas que gostam de rock tradicional e não botam fé no disco!

12. Innerspace

Esta faixa lembra um pouco o trabalho anterior do Bruce, o Balls to Picasso, ela tem a energia comum de suas músicas, guitarras pesadas na medida certa, e não ousa muito, mas também não chega a lembrar Iron Maiden. É um bom hard rock, ótimo para ser cantado em arenas.

13. Strange Death In Paradise

O fechamento começa com um riff viajadíssimo. Cruze o Black Sabbath com o vocal do Bruce Dickinson, praticamente dá essa música, que tem uma influência fortíssima do Toni Iommi em seu riff de guitarra, simples e melódico.

A medida que o tempo passa, a levada fica mais estranha. Trata-se de uma música arrastada, densa, mas, ao mesmo tempo, pacífica. Ideal para quem gosta de rock progressivo, Black Sabbath, Hard Rock, sons dos anos 70 em geral. Belíssimo fechamento para o álbum!
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Conclusão:

Um belíssimo álbum de hard rock moderno feito pelo mestre Bruce Dickinson. É hard (pesado), é rock, porque será que os babacas falam mal? É algo a se pensar mesmo. Clássico absoluto, para mim, está junto com Chemical Wedding no hall dos melhores álbuns da história deste vocalista.

Análise: Bruce Dickinson (Iron Maiden, ex-Samson, esgrimista, piloto de avião, locutor de rádio, etc)


Hoje analisarei um artista único, e sua obra mais injustiçada.

Ele é uma espécie de Leonardo da Vinci dos últimos tempos. Um dos melhores vocalistas do mundo, esgrimista e piloto profissional! Sim, é ele, Bruce Dickinson.

Ex- Samson, e atualmente, de volta ao Iron Maiden, para quem não viveu no planeta terra na última metade do século 20, uma das maiores bandas britânicas de metal do mundo! Seu álbum análisado é Skunkworks, obra de 1996.

O terceiro álbum de Bruce traz uma sonoridade diferente, atual (para a época) ousada, mais rocker, menos teatral, diferente do som do Iron Maiden (bom, é album solo do Bruce, não é mesmo? Para que parecer Iron Maiden?).

Muitos fanáticos por certas bandas acham que os álbuns solos, ou projetos paralelos, de seus integrantes devem soar exatamente igual às bandas-matrizes. Para quê? Não há razão de ser, se for para ser igual!

O disco anterior, Balls to Picasso (o segundo do Bruce), de 1994, tinha mais elementos "metaleiros" e contava com a banda Tribe of Gypsies, do genial guitarrista Roy-Z (que mais tarde colaboraria com Bruce novamente, com Halford e meio-mundo de artistas do gênero). A idéia de Bruce, na verdade, era fazer uma banda nova.

O Tribe of Gypsies saiu em turnê (já era uma banda existante antes de tocar com Bruce) e ele juntou sangue novo para fazer um cd. Fora do Maiden desde 1993 (banda à qual regressaria ao final de 1999) ele criou a banda Skunkworks, com integrantes de uma jovem banda de rock chamada Gun. Pois é, era mesmo para ser diferente, é uma banda-conceito.

Mas a gravadora mandou ele colocar "Bruce Dickinson" e o álbum se chamar Skunkworks. Mas carinhosamente, sabemos que esse é um disco do Skunkworks, é uma obra do Bruce, mas é diferente de seus outros álbuns, e essa é a beleza especial deste.

Mas a ignorância de certos metaleirinhos é tão grande que já vi posts na internet de pessoas dizendo que "fugiram deste aqui por saber de sua fama ruim".

O conceito "não ouvi, não gostei" pode se aplicar para certas coisas, mas se você é fã do artista não é algo que deve acontecer, deve-se dar uma chance, não é mesmo? Azar deles! :D

Leia em seguida, a análise do álbum!!

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Análise: Two - Voyeurs (1997) - (projeto solo do Rob Halford)

Análise:

1. I am a Pig

Logo no primeiro track, me pergunto, porque será que as pessoas criticam tanto o CD? I am a pig tem um riff muito legal, que fica na cabeça, lembrando até mesmo coisas do Fight, mas com roupagem eletrônica.

Acredito que se não houvesse timbres eletrônicos, mas a faixa fosse igual, e fosse um CD do Fight, talvez não tivessem criticado tanto.

Bela abertura! E ainda tem solo, não virtuoso como os dos guitarristas do Judas, mas adiciona um colorido à música. A voz já mostra que não é super aguda e agressiva, é um lado mais "cool" do Rei do Metal.

2. Stutter Kiss

Misture um clima Nine Inch Nails, na bateria, com o tremolo de How Soon is Now do Smiths e uma distorção que lembra White Zombie (o próprio riff de guitarra lembra). É mais ou menos essa música, e o vocal é super calmo, lembrando coisas grunge.

Criativo ou não? A guitarra faz presença aqui, como sempre, um riff simples, sossegado, cadenciado, mas pesado. O refrão também gruda facilmente na cabeça.

Ótima música! Ironicamente, nove anos depois, a banda Shinedown (que é meio pós-grunge) tem um riff praticamente igual na música "Heroes" (de 2006).

3. Water´s Leaking

E não é que o mestre andou escutando Alice in Chains? É o que parece... aliás, ela chega a lembrar um cruzamento bizarro do Alice in Chains com o Jane´s Addiction (instrumental de um, vocal de outro) e tem um quê de White Zombie, e uns "scratchs" com guitarra, mais ou menos Tom Morello.

Ponto pro Halford!

4. My Ceiling´s Low

Uma faixa mais "pensativa’, com levada eletrônica, chega a lembrar Killing Joke, mas ainda parece que a maior influência do Rob Halford é o próprio Nine Inch Nails e o White Zombie".

A música é super acessível, daria até para tocar no rádio, contando com um riff pesadinho, remanescente do grunge.

5. Leave me Alone

Essa aqui parece Static-X! E a banda nem existia ainda... é Halford não inventou só o Heavy Metal pelo jeito. Ele tem talento para a coisa! Poxa, que pena que não houve um 2wo número 2 (trocadilho tosco), mas realmente, aqui ele faz um som que poderia ser feito de 2003 em diante.

É como se o som fosse Rob Zombie, mas cantado a falta de vontade do Kurt Cobain (!) e o resultado é ótimo, despretensioso, debochado.

6. If

Faixa bizarra, batidas Marylinmansonescas, susurros, um vocal não muito inspirado, e praticamente sem guitarras. Não empolga muito, é a mais fraca do disco.

7. Deep in the Ground

Faixa interessantíssima, o disco recupera o fôlego. Como descrever essa faixa? Ela soa rock´n´roll antigo, dos anos 60, 70, meio The Who, mas ao mesmo tempo com um quê de Stone Temple Pilots, e roupagem eletrônica!

Faixa interessante, e chiclete também!

8. Hey, Sha La La

Faixa estranha, com linha de baixo esperta, meio "groovy", um industrial leve, interessante. Soa como se o Scott Weiland na época dos Stone Temple Pilots cantasse sobre uma base do Nine Inch Nails, e com um refrãozinho com puta potencial pop. A mais viciante do disco.

9. Wake Up

Essa faixa tem um refrão meio infantil, parece uma música que alguma criança cantaria alegremente, legal pra cacete! Eletrônica, com baixo carregado, um riff de guitarra ensolarado, não sei descrever, mas é ótima!

Acho que é o primeiro som industrial alegrinho que já ouvi na vida (já que o estilo normalmente é sombrio) ótima faixa!

10. Gimp

Baixo acentuado, guitarra com barulhinhos atrás, chega a lembrar coisas que o Korn faz atualmente. Um riff bem marcado, e o vocal lembram coisas do segundo disco do Fight (A Small Deadly Space) misturadas com coisas velhas do M. Manson (que eram ótimas na época) e um refrão bem assobiável. Muito boa!

11. Bed of Rust

Música bem esquizofrênica, meio sussurrada, esquisita, mas tem um clima legal para fechar o álbum. Logo em seguida entra um vocal mais normal, não há muitas variações, ao final da faixa, nas ultimas estrofes, uma guitarra entra para acompanhar a música, e o final tem somente uma bateria eletrônica. Estranhíssima música, mas fecha o álbum de forma muito concisa. _________________________________________________

Conclusão:

Criativo, diversificado, ousado, diferente. Muito melhor do que os álbuns do Priest com o Ripper Owens (ótimo vocalista, para o Iced Earth, não para o Judas, onde não passou de um imitador barato)

Muitos fãs são cabeças duras e não reconhecem o trabalho por ignorar a ousadia contida no trabalho. Adoro metal clássico, mas acho que o novo pode conviver com o velho numa boa!

Outro ponto interessante: agora, em 2007, o álbum ainda soa atual, 10 anos depois de seu lançamento, e melhor do que muita porcaria genérica feita hoje em dia.

Análise: Rob Halford (ex-Fight, Judas Priest, Artista Solo)

Começarei as atividades do blog efetivamente com um disco que não é de uma banda específica. Por exemplo, como expliquei na sinopse do blog, analisarei várias bandas e seus peixinhos fora d´água, seus patinhos feios, etc.

Mas nesse caso, analiso um trabalho solo de um grande vocalista de Heavy Metal, aclamado por sua integridade, por seu comprometimento com a música e sua grande personalidade. Além do mais, um homem de coragem, homossexual assumido, e super respeitado pelos fãs do estilo.

O nome do cara é Rob Halford, sim, o vocalista do Judas Priest. Rob, ao todo, teve quatro projetos notórios (bom, nem todos notórios):

- Judas Priest (a lenda da New Wave of British Heavy Metal, dispensa apresentações)

- Fight (banda muito boa do meio dos anos 90, mais pesada que o Judas Prieste, e que não teve o reconhecimento necessário, mas é considerada clássica hoje em dia)

- Halford (seu puro projeto solo, iniciado no final dos anos 90)

E o Two, ou 2wo, sobre o qual estou falando. O projeto foi sua nova banda, após o fim do Fight, no meio da década de 90, e mostra um lado diferente de Halford...

O homem estava cansado de ser associado somente com o Heavy Metal, e enveredou pelo caminho do Industrial, com a ajuda do Papa do Industrial: Trent Reznor (ou, Nine Inch Nails, simplesmente).

Os "manos tr00" do metal logo vieram criticar, dizendo que Halford tinha se vendido, que traiu o metal, etc. Mas muitas das pessoas que falaram mal não ouviram seu disco, somente reverberaram críticas especializadas que já falavam mal.
O que aconteceu foi meio que um efeito cascata: a revista fala mal, logo, o fã cabeça-dura despreza, esplha para outros fãs que o álbum não é bom, etc.

A análise será feita no próximo post! Até lá!!

O início desta empreitada...

Olá, meu nome é Lucas dos Reis, sou jornalista, tenho 24 anos, e escrevo sobre música por diversão. A idéia deste blog surgiu um dia desses, quando eu, aficcionado por rock, metal e suas várias vertentes, percebi que gostava de muitos álbuns considerados injustiçados.

Portanto, a idéia do blog é justamente essa, falar desses álbuns, de diversas bandas e estilos dentro do espectro rock/heavy metal, e defendê-los. Afinal, muitas vezes, eu gosto mais dos álbuns considerados injustiçados, ruins, abaixo da média, do que dos considerados melhores por público e crítica especializada.

Semanas atrás eu ouvia o Music from the Elder do Kiss, com uma puta empolgação, muito maior do que quando eu ouço clássicos como Hotter Than Hell e Dressed to Kill. Ou até mesmo, esta semana, ouvindo Bruce Dickinson, percebi o quanto adoro o Skunkworks, considerado o peixe fora d´água de seu catálogo.

Adoro o Chemical Wedding, considerado o grande clássico, da mesma forma. Mas parece que quanto mais diferente, ousado, mais eu gosto. Portanto, resolvi fazer um blog para externar essas análises e mostrar ao mundo que algumas coisas escorraçadas pela crítica podem valer a pena sim!!

Portanto, vamos começar essa viagem pelo melhor do pior!